quarta-feira, 25 de maio de 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A história não é bem essa

Nascer, crescer, estudar, depois trabalhar, aí arranjar um bom companheiro(a) pra se casar e constituir família e ainda ser feliz pra sempre...
Todo mundo concorda?
Hum...que pena! Sinto muito decepcioná-los, mas o “felizes para sempre” não é como os contos de fadas te contaram. Nessas belas e românticas historinhas não tem um “príncipe” roncando no seu ouvido enquanto você super cansada tenta dormir, não tem roupas, calçados e toalhas espalhadas pela casa que você arduamente acabou de arrumar, não tem aquele sonoro: O que tem pra comer aí hoje? Depois de você acabar de chegar do trabalho.

Não tem aquele preguiçoso a quem você pede uma ajudinha e ele diz: Ah! Tô de folga hoje! Deixa pra depois(que engraçado, você também, ou melhor, devia estar né)...
Na historinha não tem aquele folgado pedindo pra você colocar a comida no prato e trazer até ele na sala, em frente a televisão. Não tem um príncipe mimado te comparando com a mãe dele(Conta tudo pra sua mãe Kiko), não mostra quantas vezes você tentou fazer a necessária e maldita DR pra acertar as coisas e ele cagou pra você.

Nessas emocionantes histórias não costuma se mostrar quanto o universo de duas pessoas mesmo se amando muito pode ser tão diferente e tão difícil de se acertar, se encaixar, de se respeitar e aceitar também. As vezes só um tenta, as vezes os dois tentam, cada um a seu modo, e as vezes ninguém quer mais tentar.

Você teve uma criação dinâmica, mais independente. Ele sempre foi mimado e não sabe como se virar. Você pensa em continuar estudando, crescer, progredir. Ele(a) não vê a hora de ter filhos(alguém falou em filhos? Não posso nem ouvir falar essa palavra,rs).
Você quer curtir seus amigos e ele tem ciúmes disso, mas não deixa de sair com os dele. Você quer liberdade de fazer suas coisas e de ser como é, ele te reprova, quer que mude e seja quem você não é.

Você ainda quer romantismo, jantar a luz de velas (Ops! O que é isso mesmo?), receber buquê de flores, encontrar bilhetes escondido, receber surpresas em um dia qualquer, fazer uma viagem a dois...sei lá! Seja criativo!
Ele só quer programinhas caseiros. Rosas? Ele diz que já te deu muitas no passado...é doce passado.

Na boa, a sociedade nos impõe muitas regras que as vezes não condiz com o que realmente pensamos e queremos, e eu te digo: Eu não nasci pra isso!
Não nasci pra lavar cueca de ninguém, nem fazer capricho de marmanjo nenhum que não sabe dar valor pra uma mulher de verdade.
Tá sentindo falta da mamãe? Vá morar com ela então.

Dou amor, dou carinho, dou atenção e apoio pro que precisar. O que não dou, nem vendo é a minha alma pra ninguém. Nem vou deixar sociedade hipócrita nenhuma estragar meus sonhos com uma “vida segundo os padrões”.
Eu não sou padronizada e nem fui fabricada em série pra viver o que dá certo pra todo mundo. Detesto isso.
Padrão é pra quem gosta de viver a vida a risca, é pra quem deixa de seguir seus instintos pra ir atrás do que é mais seguro. E o que é seguro nessa vida?
Não to dizendo que casamento não dá certo. Porque dá sim!
Pra mim é que não deu...mas eu sou um caso a parte.

Talvez um dia eu mude de idéia, mas agora eu não quero o eterno, eu quero o romance. Eu não quero duas escovas de dente, eu quero dois sorrisos, dois olhares, dois pensamentos, duas lágrimas, dois suspiros, dois corações que mesmo não estando lado a lado estejam juntos. Isso é compromisso!

                  Lívia Soares         

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Quase tudo


"O amor não tem que ser eterno, ele tem que ser bom, te fazer bem. Senão vira tortura, angústia. O amor não é TUDO, ele é apenas um dos ingredientes que faz uma relação dar certo, mas por vezes falta muito mais que apenas amor."


                                                                    Lívia Soares

sexta-feira, 6 de maio de 2011


"O jeito é curtir nossas escolhas e abandoná-las quando for preciso, mexer e remexer na nossa trajetória, alegrar-se e sofrer, acreditar e descrer, que lá adiante tudo se justificará, tudo dará certo."

                     Martha Medeiros

O QUE MAIS VOCÊ QUER?

Era uma festa familiar, destas que reúnem tios, primos, avós e alguns agregados ocasionais que ninguém conhece direito. Jogada no sofá, uma garota não estava lá muito sociável, a cara era de enterro. Quieta, olhava para a parede como se ali fosse encontrar a resposta para a pergunta que certamente martelava em sua cabeça: o que estou fazendo aqui? De soslaio, flagrei a mãe dela também observando a cena, inconsolável, ao mesmo tempo em que comentava com uma tia. "Olha pra essa menina. Sempre com esta cara. Nunca está feliz. Tem emprego, marido, filho. O que ela pode querer mais?"

Nada é tão comum quanto resumirmos a vida de outra pessoa e achar que ela não pode querer mais. Fulana é linda, jovem e tem um corpaço, o que mais ela quer? Sicrana ganha rios de dinheiro, é valorizada no trabalho e vive viajando, o que é que lhe falta?

Imaginei a garota acusando o golpe e confessando: sim, quero mais. Quero não ter nenhuma condescendência com o tédio, não ser forçada a aceitá-lo na minha rotina como um inquilino inevitável. A cada manhã, exijo ao menos a expectativa de uma surpresa, quer ela aconteça ou não. Expectativa, por si só, já é um entusiasmo.

Quero que o fato de ter uma vida prática e sensata não me roube o direito ao desatino. Que eu nunca aceite a idéia de que a maturidade exige um certo conformismo. Que eu não tenha medo nem vergonha de ainda desejar.

Quero uma primeira vez outra vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço, uma primeira caminhada por uma nova cidade, uma primeira estréia em algo que nunca fiz, quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.

Quero ventilação, não morrer um pouquinho a cada dia sufocada em obrigações e em exigências de ser a melhor mãe do mundo, a melhor esposa do mundo, a melhor qualquer coisa. Gostaria de me reconciliar com meus defeitos e fraquezas, arejar minha biografia, deixar que vazem algumas idéias minhas que não são muito abençoáveis.

Queria não me sentir tão responsável sobre o que acontece ao meu redor. Compreender e aceitar que não tenho controle nenhum sobre as emoções dos outros, sobre suas escolhas, sobre as coisas que dão errado e também sobre as que dão certo. Me permitir ser um pouco insignificante.

E na minha insignificância, poder acordar um dia mais tarde sem dar explicação, conversar com estranhos, me divertir fazendo coisas que nunca imaginei, deixar de ser tão misteriosa pra mim mesma, me conectar com as minhas outras possibilidades de existir. O que eu quero mais? Me escutar e obedecer o meu lado mais transgressor, menos comportadinho, menos refém de reuniões familiares, marido, filhos, bolos de aniversário e despertadores na segunda-feira de manhã. E também quero mais tempo livre. E mais abraços.

Pois é, ninguém está satisfeito. Ainda bem.

(Martha Medeiros)



Obs: Essa mulher que descreve a mim e a tantas outras pessoas tão bem.
Mesmo quando não sei o que escrever ou como falar, é só abrir um livro dela, ou ler um texto, que lá está...tudo e mais um pouco do que eu queria e precisava dizer. Sem mais. I love Martha Medeiros!